Combate ao crime

Rio Grande terá uma Delegacia de Homicídios a partir de 2023

Previsão é que estrutura especializada na investigação destes crimes seja instalada em janeiro

Foto: divulgação - DP - Força tarefa foi criada no início do ano para o combate aos crimes violentos

Por Anete Poll
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Um decreto, de número 56.755 de 8 de dezembro, do governo do Estado, cria a Delegacia de Polícia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), em Rio Grande. Uma reivindicação feita ao longo dos anos e de forma mais insistente, neste ano de 2022, quando o município, até o dia de ontem, contabilizava 98 mortes violentas. A princípio, o início da especializada, conforme a delegada regional Lígia Furlanetto, deve ser já em janeiro de 2023.

O anúncio da criação da delegacia vem somar-se a uma pequena vitória que a polícia comemora: a redução de quase 50% dos homicídios no segundo semestre quando comparado ao primeiro, ou seja, 58 homicídios de janeiro a junho e 30 de julho até agora. Lembrando que os dados policiais não contabilizam os feminicídios (2), as mortes em confronto (5), os latrocínios (2) e lesão seguida de morte (1) como homicídios, e sim como crimes violentos letais e intencionais (CVLIs), mais comumente conhecidos como mortes violentas.

O pesquisador de segurança pública da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), Samuel Rivero, destaca a importância da delegacia. “É uma delegacia especializada, com uma equipe focada na investigação, na elucidação destes crimes, tanto para ter uma responsabilização, como uma resposta jurídica para os fatos.” Outra questão apontada como relevante é a viabilização que estratégias de prevenção, tanto pelo Município quanto pelo Estado, de maneira mais bem direcionada.

O início
O sinal de alerta para as mortes violentas em Rio Granacendeu em dezembro de 2021, quando a cidade apresentou número elevado de homicídios, registrando sete em poucos dias. Naquela ocasião, a Polícia Civil e os demais órgãos de segurança montaram estratégia de enfrentamento ao problema. O primeiro ponto identificado foi de que as mortes não eram investigadas em um mesmo órgão.

“Montamos uma força-tarefa e a instalamos dentro da Delegacia Regional, onde também reunimos todos os inquéritos”, relata a delegada Lígia. O grupo esteve sob sua coordenação e do delegado Alexandre Mesquita. “Identificamos que se tratava de uma disputa pela hegemonia e controle do tráfico de drogas e que uma facção da região metropolitana estava tentando se estabelecer entrando em confronto com uma facção daqui”, diz a policial. Esse início foi vinculado a um falso plano de fuga de uma das lideranças de facção de Rio Grande, que estava cumprindo pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. A facção criou o plano para que o criminoso fosse transferido para um presídio federal. “Identificamos neste fato o estopim da guerra.”

Em janeiro deste ano, as mortes tiveram sequência. Duas delas envolveram um motoboy e uma motorista de Uber, vítimas sem qualquer vinculação com a guerra. A força tarefa continuou o trabalho, identificando o início, a motivação e os vínculos entre os autores e as vítimas. Os policiais apuraram que mais 90% das vítimas tinham antecedentes por tráfico de drogas.

Estratégias
A equipe montou uma estratégia de atuação: em uma primeira fase se dividiram e começaram a trabalhar nas investigações. Em uma segunda fase, com o apoio do Departamento Estadual de Homicídios, as lideranças das facções e que estavam mandando executar as vítimas foram identificadas. “Nós sabemos que nenhuma morte é executada sem a ordem do líder de cada facção”, aponta a policial. Um trabalho de inteligência começou a vincular os mandantes aos crimes. A polícia conseguiu as prisões e indiciamentos desses mandantes. A partir de julho observou-se a redução nos homicídios.

Lígia destaca que além de todas as operações realizadas pela Polícia Civil, da identificação das lideranças, do combate aos crimes, a Brigada Militar realizou um trabalho intenso, com apreensão recorde de armas no Rio Grande do Sul, retirando mais de 400 delas de circulação. Paralelo a isso, a parceria com a Susepe resultou na apreensão de mais de mil celulares nas celas da Penitenciária Estadual de Rio Grande (Perg). Outra parceria foi junto ao Ministério Público, com denúncias e julgamentos.

“É importante destacar que Rio Grande vem desenvolvendo uma nova perspectiva de combate a violência, promovendo ações de resgate aos jovens envolvidos no mundo do crime. Identificamos que 80% destes crimes tem participações de jovens entre 16 e 25 anos.” A policial destaca ações como o Cria Rio Hackathon, o Pacto pela Inovação da cidade, os projetos desenvolvidos pelo CCMar, o Proerd e o Papo de Responsa (que atingiu mais de três mil alunos este ano). “Vimos esta necessidade de dar aos jovens uma nova perspectiva para que não vejam razão para entrar no crime e sim para que sigam com suas vidas com estudo e desenvolvendo suas potencialidades em alguma profissão.” ​

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